top of page
0904-2019-0946654202201873265769.jpeg

O “Poço sem Fronteiras” é um projeto da ONG Velaumar desenvolvido com o intuito de ajudar qualquer pessoa, não somente jovens, a se prepararem para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). “Se chama Poço sem Fronteiras porque vem profissionais de todas as áreas dar orientação e aulas para qualquer pessoa que tiver interesse. Não queremos fechar somente com meninos daqui da comunidade”, garante Isabel Cristina, educadora social e uma das presidentes da ONG.

 

O projeto “Poço sem Fronteiras” convida moradores formados para contribuir com a preparação dos que farão a prova. “Temos jovens aqui formados em Matemática e em Letras, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), e formados em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Quem quer passar no ENEM precisa ter a consciência de que é possível”, completa. Além de moradores formados, o projeto também recebe qualquer pessoa de fora que quiser contribuir com aulas e orientação. Em 2018, a ação conseguiu colocar seis pessoas em uma universidade pública, sem receber nenhum recurso. “Todo o projeto é feito por meio de convites que fazemos a pessoas para virem dar aulas para os interessados. A gente tem conseguido. Os jovens começam em escolas públicas, mas aos poucos fazem as suas trajetórias”, compartilha Isabel.

​

Com tanta preocupação com os estudos e a formação dos seus jovens, a comunidade do Poço da Draga se orgulha em ver os moradores alcançando, com muita dificuldade, a conclusão de cursos universitários. Estes profissionais hoje, ou atuam na área, ou buscam especializações ou são concursados públicos. Entre os 36 moradores que cursaram o ensino superior, há Francisco Sérgio Rocha, geógrafo e também conselheiro das ZEIS. Ele tem um grupo que se chama “Expresso Poço”, que consiste em uma visita por todos os pontos da comunidade, onde ele explica a origem do poço e relata outras curiosidades.

 

"O expresso é uma atividade educativa, mas também de cunho socioantropológico. A atividade tem por finalidade criar uma interação entre a sociedade e a comunidade, já que somos segregados, e isso cria um estereótipo. O passeio tenta quebrar esse estereótipo, levando ao conhecimento de moradores. Isso gera um entusiasmo, pois eles [visitantes] também participam. Há uma interação dos moradores com os visitantes. Eles se sentem entusiasmados e ficam cheios de si. É um resgate de identidade. O outro intuito é também ensinar e instruir os jovens para que eles tenham conhecimento histórico da região, para que levem esse conhecimento adiante ainda por muito tempo", explica Sérgio.

Foto: Letícia Feitosa

Poço Sem

Fronteiras

"Todo o projeto é feito por meio de convites que fazemos às pessoas para virem dar aulas para os interessados. A gente tem conseguido. Os jovens começam em escolas públicas, mas aos poucos fazem as suas trajetórias"

Isabel Lima

Projeto esportivo - Thiado da Silva (fot

Projetos Esportivos

Educação nem sempre é dada por meio de lápis e livros, por isso a comunidade também utiliza os esportes como uma forma de ensinar responsabilidade, companheirismo e disciplina aos jovens. Em 2015, a prefeitura de Fortaleza entregou uma quadra poliesportiva de 660m² próxima à ponte metálica. O espaço não recebe manutenção e hoje encontra-se abandonado, sendo entregue aos moradores para que eles mesmos façam os cuidados.

​

É dentro de ferrugens, piso rachado e redes rasgadas que a quadra é usada para algumas partidas de futebol nos finais de semana e é local, também, de uma escolinha de futsal. Washington dos Santos, coordenador do projeto relata que além da escolinha, também é possível encontrar grupos de capoeira que são orientados por Thiago da Silva há seis anos. Thiago explica que “os encontros se dão nas segundas, quartas e sextas, das 18h às 21h, sempre com o intuito de promover a paz e o diálogo entre a comunidade por meio do ensino inovador da capoeira. Eu peço aos meus alunos apenas bom comportamento nos treinos e boas notas na escola, basicamente”.

 

Os encontros se dão no pavilhão atlântico, sem nenhuma ajuda do governo. “Não temos apoio público nem privado. Quando eu comecei, não havia ninguém dando aula na comunidade. Porém, existem outras pessoas que já fizeram algo semelhante outrora e que ainda fazem”, completa. Thiago ainda conta que arca com as despesas das aulas, como fardamentos, instrumentos, lanches, xerox e literatura para os jovens.

 

Thiago conta que desenvolve a escolinha há 27 anos, sem nenhum parceiro. “Nunca olharam para nós! Vivemos de doações que eu peço, como chuteira e bola usada. Eu deixo de trabalhar às vezes para estar com os meus alunos e abro para qualquer um que esteja interessado em fazer parte”, relata.

"Nunca olharam para nós! Vivemos de doações que eu peço, como chuteira e bola usada"

​

Thiago da Silva

Foto: Arquivo Pessoal

bottom of page